RUMO A GASTROPLASTIA

ANO NOVO,METAS NOVAS:

domingo, 24 de outubro de 2010

Na prática, como se dá o acompanhamento psiquiátrico/psicológico no tratamento bariátrico ?

O acompanhamento psiquiátrico ou psicológico do paciente obeso que se submete ao tratamento bariátrico integra uma abordagem multidisciplinar, um modelo que envolve profissionais de diferentes áreas e tem sido empregado nos diversos centros de referência para tratamento da obesidade em todo o mundo. A função do psiquiatra começa com uma avaliação inicial do paciente com indicações clínicas para o tratamento cirúrgico da obesidade. Nesta avaliação são explorados não só os aspectos relacionados com a história de vida (história da obesidade, o sofrimento físico e psíquico a ela relacionado, história de problemas psíquicos prévios, etc.), como também uma série de aspectos pertinentes ao tratamento proposto, tais como:

(1) o grau de motivação para cumprir com os cuidados necessários;

(2) a tomada de consciência de estar-se engajando em um projeto em longo prazo;
(3) os riscos envolvidos;
(4) a necessidade de participação ativa do paciente no que se refere à implementação de atividade física regular e de adequação a um cuidadoso programa de alimentação;
(5) as expectativas do paciente em termos de resultado estético e controle do peso, etc.

De fundamental importância é a identificação e tratamento de problemas que possam interferir de modo negativo no resultado do tratamento. Condições psiquiátricas tais como abuso de álcool ou de outras drogas, transtornos psicóticos (doenças em que podem ocorrer crises que causem prejuízo grave na apreciação realista dos fatos), transtornos de humor (depressões e/ou humor demasiadamente expansivo) ou de ansiedade e, sobretudo, alterações do comportamento alimentar, são particularmente importantes e necessitam de uma avaliação criteriosa, que por vezes pode até contra-indicar a intervenção cirúrgica naquele momento. A idéia não é “selecionar” pacientes que possam ou não ser operados, mas de identificar e tratar problemas com potencial interferência negativa no processo.


É importante não passar a idéia de que o indivíduo tenha algum perfil psicológico ou clínico típico da obesidade e deva ser tratado de modo homogêneo. Entretanto, as pesquisas e a experiência clínica demonstram que as pessoas com obesidade apresentam diferentes graus de sofrimento psíquico decorrente do seu padecimento. Em geral, sofreram e sofrem discriminações e preconceitos de diversos matizes, que por sua vez podem ser introjetados ao longo da vida, exigindo que o indivíduo aprenda a lidar com eles de uma maneira ou outra (p. ex., é possível que o prosaico bom humor destas pessoas tenha a ver com a sua maneira de lidar com esses problemas).


O acompanhamento psiquiátrico ao longo do tratamento vai em parte depender dessa avaliação inicial. É compreensível que a presença de condições psiquiátricas que possam comprometer aspectos de ordem prática (atividade física e adequação à dieta) ou o bem estar psicossocial requeiram um acompanhamento com consultas mais freqüentes, eventualmente com o uso concomitante de medicamentos ou de psicoterapia (que geralmente envolve consultas mais freqüentes e um maior aprofundamento das questões psicológicas e comportamentais envolvidas no processo).


Na prática, são feitas entrevistas iniciais com vistas ao aconselhamento e ao diagnóstico e tratamento de eventuais problemas psíquicos.  O seguimento se dá por meio de entrevistas cuja regularidade é determinada pela equipe multidisciplinar e, obviamente, pelas necessidades de cada paciente, quando o auto-monitoramento do peso e atividades físicas, bem como o surgimento de eventuais problemas serão abordados.  A presença de comer compulsivo pode necessitar de entrevistas mais freqüentes.

Para uma avaliação mais objetiva e economia de tempo, às vezes são utilizados questionários que o paciente pode responder em casa. Esses questionários servem como instrumento de avaliação diagnóstica, portanto são de grande ajuda no planejamento terapêutico para cada paciente, como de resto também fornecem informações importantes para o tratamento desses problemas com base científica.
FONTE: http://www.sbcb.org.br/pacientes_duvidas_frequentes.php#psiquiatria

Nenhum comentário: